Ambientes de confiança não existem. O que existe sim são ambientes onde temos que nos adaptar às adversidades e tentar gerar os melhores resultados tanto pessoais quanto corporativos. Em ambientes de confiança, não seriam necessários gestores. Não haveriam atrasos, os processos seriam realizados conforme especificação, as pessoas competiriam pelo bem comum (e não pelo poder, já que não existiriam gestores), existiria comprometimento em todos os níveis, não haveria stress e todas as reuniões seriam produtivas. Todos lutariam pela qualidade total e todas as necessidades de entregas entre os departamentos e para os clientes seriam cumpridas conforme o combinado.
Isto não existe, nem aqui nem na terra onde foi parar Alice.
A confiança (s.f. Esperança firme em algo ou alguém; sentimento de segurança, certeza, tranquilidade) deve ser estabelecida em todos os níveis da organização para que o organismo corporativo funcione direito. Se colocarmos nosso foco nas entregas, podemos voltar ao início das atividades e verificar quanto confiante estamos em relação ao cumprimento do que foi acordado.
Sem confiança nos prazos, não podemos assegurar que as coisas serão realizadas de acordo. Não podemos nos comprometer com projetos (estes sim, demandam enormes quantidades de confiança), já que estes demandam confiança entre todos os envolvidos, possuem datas de início e fim, além do fato de terem milhares de atividades sequenciadas e penduradas umas nas outras. Se as entregas não ocorrem nos prazos certos, precisamos rever nossas expectativas em relação aos prazos definidos e todas as solicitações que estão sendo feitas (e a capacidade de serem entregues).
Sem confiança nos processos, os prazos são comprometidos. Estes mesmos processos que foram definidos como “a melhor maneira de se fazer algo com a estrutura que temos hoje” ou como aquele velho clichê que geralmente é dito nestas situações como “não sei como esta coisa funcionava antes, está tudo errado”. Os processos são revistos porque os antecessores não faziam direito, porque não sabemos qual direção tomar ou porque as prioridades não são bem definidas? Não sei. Só sei que sem a confiança nos processos que são realizados diariamente, estamos fadados ao atraso. Atraso porque as coisas não são entregues conforme o combinado ou porque temos que retrabalhá-las para atender à necessidade do cliente <<necessidade esta que deveria ser entendida antes de definir qual seria o “melhor maneira de se fazer algo com a estrutura que temos hoje”>>.
Sem confiança nas pessoas, os processos não funcionariam. As pessoas são as responsáveis por fazer a informação fluir e, num ambiente de desconfiança, as informações ficam represadas nas mesas e emails de alguns e não chegam ao destino certo, no tempo hábil para que sejam bem utilizadas. Problemas interpessoais também atrapalham o bom andamento do ambiente e da informação, criando guerras interdepartamentais desnecessárias e bloqueios na execução de tarefas. Isto pode ser bem exemplificado quando você ouve a expressão: “tenho tudo documentado e formalizado nos emails”, já que quando demonstramos excesso de formalização, demonstramos certo problema de comprometimento entre as pessoas.
Penso que ambientes de confiança devem, ou pelo menos deveriam, ser como um formigueiro. Você <<com certeza>> deve ter visto algum documentário no Discovery Channel sobre formigueiros. Não existe hierarquia. O que as formigas fazem é desempenhar o papel que lhes foi confiado. Você não vê cobrança da gestão para que as atividades sejam realizadas dentro do prazo nem métricas para avaliar a produtividade. Elas simplesmente fazem.
Constroem o formigueiro, o ambiente é mantido intacto e limpo, vão buscar o alimento para o cultivo das larvas e além de tudo o protegem. E olha que não tem sindicato na porta reclamando de maus tratos, greve ou formiga fazendo operação padrão…
E porque que nossas empresas não funcionam desta forma? Será porque as pessoas não estão felizes com o que fazem? Será que as pessoas possuem objetivos e metas bem definidos? As decisões são tomadas em tempo? A gestão é acreditada?
Para estas e outras várias perguntas, temos milhões de respostas e com diversos discursos, mas infelizmente são todos sinônimos. Falta comprometimento para fazer melhor aquilo que lhe foi confiado. Falta espaço para que as boas idéias sejam apresentadas. Falta coragem para contar que temos problemas e que precisamos de apoio para que sejam resolvidos. Faltam metas agressivas, cobranças mais severas e recompensas justas. Falta gente com coragem para dizer o que pensam sem serem podados por tentar fazer algo melhor.
Uma organização é feita de confiança, tanto nas pessoas, quanto nos processos e nos prazos. É feita de pessoas que fazem a sua parte <<para manter>> e o “plus a mais” <<para evoluir>>. Se cada um fizer o seu, teremos um grande time e somente os grandes times conseguem grandes vitórias.
Melhore a confiança para melhorar seus resultados.
Pense nisto.