Caminho para a transformação digital
A implementação da transformação digital nas organizações não acontece por acaso.
De um lado, requer liderança e visão de negócios. De outro, investimento em capacitação
Empresas de vários setores estão conscientes do poder da transformação digital para seus negócios. Mas, são vários os casos que ilustram os efeitos das que não se atentaram para isso.
A Kodak, inventora da primeira câmera fotográfica digital no século passado, não soube antever o impacto de sua inovação e acabou sucumbindo frente aos novos players do mercado.
Líder na fabricação de telefones celulares por muitos anos, a Motorola demorou para migrar seus produtos analógicos para a plataforma digital e perdeu sua posição em um mercado em contínua expansão.
Um estudo recente da Capgemini Consulting mostra que empresas líderes com capacidade digital se sobressaem em todos os segmentos, seja na maior receita, no lucro mais significativo ou no cálculo de seu valor de mercado.
A grande questão então não é mais se as empresas devem ou não aderir à transformação digital, mas de que forma podem implementar essa transição na prática. A resposta nesse caso é simples: comece com o mais importante.
Parafraseando Peter Drucker, o pai da moderna gestão de empresas, “o objetivo dos negócios é criar o consumidor”. Portanto, a melhor estratégia é começar pelo consumidor, e a partir daí seguir para as demais áreas da empresa. Isso significa entender o real impacto do uso dos canais digitais pelos consumidores, potenciais e reais.
Para isso, são três os passos principais: ouvir, interagir e cocriar. Ouvir: muitas vezes, os consumidores estão nas redes sociais, nos grupos de discussão da internet, nas salas virtuais de bate-papo comentando sobre produtos e serviços, as empresas, seus competidores e a satisfação ou insatisfação em relação às marcas. Quando analisadas, essas informações podem ser uma fonte riquíssima de conhecimento para a tomada de decisão.
As empresas que querem estar preparadas para o cenário digital precisam, antes de tudo, saber ouvir o que os consumidores pensam, falam e como agem. Interagir: o modelo tradicional de comunicação sempre foi unidirecional.
As empresas faziam suas campanhas na mídia, os consumidores assistiam e eram direcionados para o ponto de venda. No novo cenário digital, a comunicação é bidirecional.
A empresa usa a internet para falar e ouvir. O consumidor também utiliza a internet para falar, ouvir e interagir, tornando-se prosumidor: além de consumir, também gera conteúdo e o coloca nas redes sociais.
Quando está satisfeito com a marca, ele a indica para outros. Quando não está, reclama. A diferença para o modelo tradicional é que agora milhares de internautas também podem ouvir. Cocriar: várias empresas já integram os consumidores nos processos de design, criação e feedback sobre seus produtos e serviços.
Plataformas conhecidas como crowdsourcing e comunidades virtuais permitem colher a opinião das pessoas sobre quais produtos e serviços querem consumir.
O que pensam sobre os protótipos criados ajuda a diminuir os grandes ciclos de desenvolvimento. É um modelo muito semelhante ao das startups digitais que utilizam a experimentação científica de forma rápida e o aprendizado sobre o que os consumidores realmente desejam. Isso permite às empresas mudar de direção com muita agilidade, ajustando os planos conforme as necessidades. A implementação da transformação digital nas organizações não acontece por acaso.
De um lado, requer liderança e visão de negócios. O envolvimento dos líderes é fundamental para a adesão e o engajamento dos colaboradores. De outro, demanda investimento em capacitação para levar o conhecimento das novas tecnologias digitais a todos. Os funcionários precisam aprender como usar a nova tecnologia para aplicar no dia a dia.
É claro, tudo isso demanda investimento, mas também apresenta um benefício real, e muito além do financeiro. Não se esqueçam daquelas empresas, líderes em seus respectivos mercados, que deixaram de investir em inovação e hoje não existem mais.